por Gleice Marcondes
Matéria Publicada pela Parto do Princípio
Os bebês não vem com manual de instruções. Tentativas de comunicação não verbal entre bebês e cuidadores muitas vezes não tem reciprocidade. Por quê?
Inúmeras revistas e artigos se propõem a discorrer a cerca de como devemos tratar nossos bebês quando choram, ao tomar banho, melhor posição para dormir, quanto tempo devemos amamentar, de quanto em quanto tempo, como fazer arrotar.

Assim reprimimos nossos instintos básicos, de fome, de sono, de expressão autêntica, legítima e genuína do que verdadeiramente somos.
A realidade cruel de mundo que fabricamos provém dessa natureza, da perversão dos instintos e do desrespeito pelo humano que existe em nós!
A destruição do planeta, a dificuldade de sentir, de fazer vínculos verdadeiros, nos envolvermos em relações afetivas nutritivas passa pela permissão de assumir nossa essência. Essência negada, reprimida e não aceita quando era de fato o desejo.
A construção da identidade de cada um está sendo baseada no medo e na necessidade pulsante em viver o que deseja, e isso devemos muito aos estímulos dados, ao ambiente que vivemos e ao modelo que tivemos na primeira infância, desde a vida intrauterina até mais ou menos 6 anos de idade.
Cada bebê vai reagir de forma diferente a um estímulo, alguns podem gostar de dormir de bruços, outros podem amar banho, já outros precisam sentir-se mais amados e pertencentes!
O importante é o respeito pela expressão e pelo desejo de cada um em viver como pode, precisa e gostaria!
Se tratarmos de maneira igual todos e a cada choro, desde já estaremos agredindo a expressão autêntica de existir deste pequeno ser e fazendo o convite para ingressar nos padrões conhecidos por nós, aqueles que são familiares e possivelmente aceitos.
Reconhecer o outro como semelhante e não como ameaça, é hoje um dos maiores desafios proposto em sociedade, pois a febril competitividade e o famoso jargão “tempo é dinheiro” estão fazendo com que a desqualificação seja permitida em todos os âmbitos da esfera de cada território.
A violência no parto, a morte banalizada, a descartabilidade do outro, o abandono e as famosas palmadas para “educar” são heranças de modelos fracassados que estamos deixando para o planeta e para nossos filhos.
Para alterar esse quadro é preciso muito amor, afeto e empatia!
Por isso, é de fundamental importância que nos primeiros meses esse bebê esteja envolvido pelo contato materno, pele, cheiro, som, carícias e tudo mais que ele tiver direito, afinal esse é o mundo conhecido pra ele, onde se sente seguro para explorar o desconhecido sabendo que pode voltar a qualquer momento.
Quanto mais houver entrega, doação e disponibilidade afetiva da mãe mais fácil se tornará a comunicação, mais fácil será decifrar seus choros, sua linguagem que num primeiro momento parece indecifrável!
O mundo precisa de afeto!
Gleice Marcondes
Doula, Educadora Perinatal, Terapeuta Corporal e Facilitadora de Biodanza
(sob supervisão da Escola de Biodanza Rio-Barra)
Saiba mais, continue lendo!
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